Quando anunciaram a próxima pausa, prevista para ter início em 2018, os integrantes d’O Rappa não imaginavam que a notícia daria tanto pano para manga. Com uma legião exigente de fãs, a banda garante que a atual turnê, que chega a Vitória no próximo sábado (19), não é uma despedida. Recorrendo a um clichê, a reportagem diria que o show que chega ao Estado soa muito mais um “até logo”.A decisão não é inédita. Em 2009 os cariocas já haviam interrompido as atividades. Na época, o hiato durou exatos 22 meses – um tempo necessário, segundo o tecladista Marcelo Lobato, para que os integrantes voltassem a se reunir com novas histórias, ideias e inspirações.“Assim como não teve da outra vez, não temos uma previsão de volta depois dessa pausa. Não somos de programar muito essas coisas, ainda mais agora, com essa instabilidade toda no país. Acho que as pessoas se assustaram quando dissemos que era por tempo indeterminado. Mas é ruim estipular um tempo, até pela pressão que rola”, diz Lobato, em entrevista por telefone ao C2.A opção pelo “tempo técnico” foi conjunta. Assim que gravaram o último DVD, “Acústico Oficina Francisco Brennand”, uma espécie de “eletroacústico” registrado no Recife no ano passado, os quatro integrantes já sentiram a necessidade de oxigenar um pouco a cabeça, cada um em seu projeto pessoal.Com 24 anos de música e estrada, Lobato, Falcão, Xandão e Lauro não conseguiam dar sequência aos trabalhos individuais. “Ficamos totalmente envolvidos. A banda absorve a vida da gente. Agora, por exemplo, temos feito três shows por semana, em média”, conta Lobato.A garantia do retorno vem, além da união e da sintonia entre os quatro, de um acordo de mais um disco com a gravadora.
“É um lance de contrato, mas a gravadora tem uma confiança muito grande na gente, construída nesses anos todos de trabalho. É uma garantia de que vamos nos reunir, mas sabe-se lá como, se para lançar disco, vinil ou outro formato, já que hoje em dia as informações e transformações acontecem de maneira tão rápida”, confidência o tecladista.
ProjetosAntes mesmo de fazer parte d’O Rappa, Lobato já havia trabalhado com grandes nomes como Fausto Fawcett, Nação Zumbi e Lenine. Já há pelo menos duas décadas, ainda mantém o Afrika Gume, grupo de música africana em parceria com o irmão, Marcos Lobato. É o que pretende tocar, prioritariamente, assim que terminar a turnê com o Rappa.“Cada um de nós também tem estúdio e vontade de fazer outras coisas, projetos diferentes. O Falcão deve se dedicar ao disco solo dele. Xandão também tem estúdio, deve passar um tempo fora. Precisamos disso até para abrir o campo de visão, para voltar com ideias prósperas”, planeja.Lobato também credita a possibilidade da pausa ao momento atual que vivemos, com mais facilidade para gravar e divulgar projetos. Durante a entrevista, mostrou-se entusiasmado com a ideia de deixar de lado, pelo menos por um tempo, a rotina maçante de viver entre check-in em aeroportos e hotéis.“Acho que agora é o momento da gente ter um tempo para se dedicar a fazer coisas diferentes, buscar uma energia renovada. Esse nosso ritmo satura”.
Show
Enxugar um repertório de mais de 20 anos para um show é tarefa ingrata, mas o músico garante que a banda tira de letra. As músicas do “Brennand” estão confirmadas, mas sempre entra algo de última hora, no improviso mesmo (que apesar do imediatismo, não compromete em nada a execução).
“De repente temos vontade de tocar alguma música específica. Temos uma intimidade grande, fazemos esse improviso. Nenhum show é igual ao outro, cada lugar é um lugar, uma história diferente”, divaga.
Ao encerrar a conversa, Lobato fez questão de lembrar que o Espírito Santo foi o primeiro Estado a “entender” e “abraçar” o trabalho da banda. “O Rio de Janeiro é a nossa casa, mas temos algo especial com os capixabas”, conclui.
O Rappa
Atrações: Casaca, Salvação, DJs Penélope, Phill Fernandes e Mr. Dedus.
Quando: Sábado (19). Abertura dos portões às 17h.
Onde: Área Verde do Álvares Cabral. Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, 2100, Bento Ferreira, Vitória.
Ingressos: R$ 70 (4º lote/meia/pista), R$ 110 (5º lote/meia/camarote). À venda nas lojas Jaklayne Joias, Acesso Vip, Soft Modas e Blueticket.com.br.